segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lenda Indígena


"Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo.
- Nós nos amamos... E vamos nos casar - disse o jovem, e nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã...Alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos...Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?
E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte... E trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia.
E tu, Touro Bravo - continuou o feiticeiro – deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!
Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada... No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos... E viu eram verdadeiramente formosos exemplares...
- E agora o que faremos? - perguntou o jovem – as matamos e depois bebemos a honra de seu sangue?
Ou cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? - propôs a jovem.
- Não! - disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... Quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...
O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros... A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno.
Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.
E o velho disse: Jamais esqueçam o que estão vendo... Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão... Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro...
Se quiserem que o amor entre vocês perdure..."Voem juntos... mas jamais amarrados".
 
Autor Desconhecido

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Paradoxo da Linha Laranja

Hoje, depois de um dia igual a todos, peguei meu velho buzú para casa. Sentei na cadeira (coisa rara) e uma mulher sentou na cadeira na minha frente. Percebi que no cabelo da mulher tinha uma linha de cor laranja. Vocês podem me perguntar, e o que você tem haver com isso? Aparentemente nada. A linha estava no cabelo da mulher e não no meu. No entanto aquela infeliz linha laranja estava de algum jeito me incomodando, meus olhos estavam sendo atraídos de uma forma estranha. Então me deu uma vontade louca de tirar aquela linha do cabelo daquela mulher que eu nunca vi na vida. Ao mesmo tempo me questionava. E se ela percebesse e não gostasse? E se as outras pessoas que estavam no ônibus vissem e achassem estranho aquela minha atitude? Fiquei a metade do percurso para casa incomodada com aquela situação, até que resolvi tirar aquela linha do cabelo da mulher. 
Nesse momento senti um frio na barriga, uma sensação de medo, por ter invadido um espaço de um desconhecido, logo depois uma sensação de alívio, por ter resolvido aquele problema, que não era meu mas me incomodava.
Fiquei pensando sobre aquela experiência. E percebi que muitas vezes encontramos pessoas que tem um aparente problema que ela mesma não se dá conta que tem, mas de alguma forma aquele problema que não é seu te incomoda. Então você fica com vontade de fazer alguma coisa por aquela pessoa, mas ao mesmo tempo com receio de criar uma situação chata, a pessoa pode não admitir que existe algo nela que precisa de ajuda para resolver.
Mas poder ajudar alguém mesmo que seja difícil e arriscado pode ser gratificante.
Meu ponto de ônibus chegou e eu encerrei a minha viagem, quando levantei da cadeira percebi que a linha laranja que pensei ter me livrado estava presa na minha calça....

Ou seja, às vezes é melhor não se meter nos problemas alheios, pois ele pode virar o seu problema...